7 de agosto de 2014

Um nome que peguei de um avião

Para compensar um mês inteiro sem crônicas, esse post especial será sobre algo que venho dedicando boa parte do meu tempo livre ultimamente.

Atenção, o conteúdo a seguir pode conter spoilers.

A Viagem de Chihiro foi meu primeiro contato com o Studio Ghibli. Tudo começou quando recebi uma recomendação. De cara, me interessei muito, e a ansiedade para ver o filme aumentava a cada crítica que lia. Fiquei curioso. Queria saber o que uma animação japonesa poderia oferecer para ganhar um Oscar, desbancando animações excelentes, como Planeta do Tesouro, A Era do Gelo, Lilo & Stitch e Spirit.

Quando cliquei no play, o hype que eu mesmo tinha criado era de uma magnitude nunca antes vista.

Comecei a ver. Mas havia cometido um erro. Estava à espera de um filme comum. Isto é, com heróis, vilões, mistérios a serem revelados e outros clichês. Por isso, me senti um completo idiota ao assisti-lo pela primeira vez. Só a partir do meio em diante a história passou a fazer um pouco de sentido para mim.

Descontente, procurei pelas respostas na web. Após ler algumas linhas de uma análise sobre o filme, minha mente explodiu. Corri pra assistir de novo.

Acontece que, olhando com os olhos da razão, isto é, com o conceito de filme que tinha na cabeça, não captei a verdadeira essência de A Viagem de Chihiro.

Quando assisti pela segunda vez, fiquei abismado com o tanto de coisa que não tinha percebido antes.

O filme inteiro é uma metáfora!

Olhando através dos olhos da arte, percebi o que o autor quis retratar. Que nada mais é do que a transição entre a infância e a adolescência dentro de uma sociedade capitalista. Ele fez isso de uma maneira incrivelmente criativa e crítica. Poderia escrever um livro com o tanto de coisas que aprendi com o filme.

A Viagem de Chihiro me fez querer conhecer mais sobre o Studio Ghibli e suas obras-primas. Assisti O Castelo Animado, O Serviço de Entregas da Kiki, Meu Vizinho Totoro e Princesa Mononoke, todos me impressionaram.

Os filmes Ghibli, além de possuírem as animações mais bonitas e detalhadas que já vi, dificilmente repetem fórmulas e clichês, são muito criativos e passam mensagens de peso sem perder o público infantil, por isso, são verdadeiras obras de arte que contribuíram imensamente para a humanidade.

Diante da notícia da pausa na produção de filmes, e de um possível cancelamento do estúdio, não há razões para muita preocupação. Os filmes Ghibli influenciaram e continuam influenciando diversos outros desenhos animados no mundo todo. O que importa não é o estúdio, mas sim a maneira como a arte pode ser transmitida através das animações, e o Studio Ghibli mostrou ao mundo como se pode fazê-la.

Como disse Hayao Miyazaki: "Ghibli é só um nome que peguei de um avião."

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