Para compensar um mês inteiro sem crônicas, esse post especial será sobre algo que venho dedicando boa parte do meu tempo livre ultimamente.
Atenção, o conteúdo a seguir pode conter spoilers.
A Viagem de Chihiro foi meu primeiro contato com o Studio Ghibli. Tudo começou quando recebi uma recomendação. De cara, me interessei muito, e a ansiedade para ver o filme aumentava a cada crítica que lia. Fiquei curioso. Queria saber o que uma animação japonesa poderia oferecer para ganhar um Oscar, desbancando animações excelentes, como Planeta do Tesouro, A Era do Gelo, Lilo & Stitch e Spirit.
Quando cliquei no play, o hype que eu mesmo tinha criado era de uma magnitude nunca antes vista.
Comecei a ver. Mas havia cometido um erro. Estava à espera de um filme comum. Isto é, com heróis, vilões, mistérios a serem revelados e outros clichês. Por isso, me senti um completo idiota ao assisti-lo pela primeira vez. Só a partir do meio em diante a história passou a fazer um pouco de sentido para mim.
Descontente, procurei pelas respostas na web. Após ler algumas linhas de uma análise sobre o filme, minha mente explodiu. Corri pra assistir de novo.
Acontece que, olhando com os olhos da razão, isto é, com o conceito de filme que tinha na cabeça, não captei a verdadeira essência de A Viagem de Chihiro.
Quando assisti pela segunda vez, fiquei abismado com o tanto de coisa que não tinha percebido antes.
O filme inteiro é uma metáfora!
Olhando através dos olhos da arte, percebi o que o autor quis retratar. Que nada mais é do que a transição entre a infância e a adolescência dentro de uma sociedade capitalista. Ele fez isso de uma maneira incrivelmente criativa e crítica. Poderia escrever um livro com o tanto de coisas que aprendi com o filme.
A Viagem de Chihiro me fez querer conhecer mais sobre o Studio Ghibli e suas obras-primas. Assisti O Castelo Animado, O Serviço de Entregas da Kiki, Meu Vizinho Totoro e Princesa Mononoke, todos me impressionaram.
Os filmes Ghibli, além de possuírem as animações mais bonitas e detalhadas que já vi, dificilmente repetem fórmulas e clichês, são muito criativos e passam mensagens de peso sem perder o público infantil, por isso, são verdadeiras obras de arte que contribuíram imensamente para a humanidade.
Diante da notícia da pausa na produção de filmes, e de um possível cancelamento do estúdio, não há razões para muita preocupação. Os filmes Ghibli influenciaram e continuam influenciando diversos outros desenhos animados no mundo todo. O que importa não é o estúdio, mas sim a maneira como a arte pode ser transmitida através das animações, e o Studio Ghibli mostrou ao mundo como se pode fazê-la.
Como disse Hayao Miyazaki: "Ghibli é só um nome que peguei de um avião."
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